Alemanha propõe taxa em atualizações de software

 A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, sugeriu a criação de uma taxa sobre atualizações de software do iPhone como resposta às novas tarifas dos Estados Unidos sobre produtos da União Europeia (UE), segundo o jornal Der Tagesspiegel.

A proposta surge após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar nesta semana uma tarifa adicional de 25% sobre centenas de bilhões de dólares em importações de carros e peças automotivas da UE, medida que deve entrar em vigor na próxima semana. 

Trump também alertou que poderá adotar novas sanções caso o bloco europeu reaja com suas próprias tarifas.

Durante a Conferência Europeia de Berlim, na quinta-feira, Baerbock mencionou a Lei de Serviços Digitais (DSA) da UE, adotada em 2022, que inclui mecanismos para responder a pressões comerciais externas.

“Se outros… 

propõem uma tarifa de 25%, então podemos colocar toda a nossa caixa de ferramentas sobre a mesa”, afirmou Baerbock.

Ela sugeriu que uma das opções seria uma taxa sobre serviços digitais: “Com que frequência atualizamos nosso iPhone? 

Adicionar dez centavos a cada atualização traria muito dinheiro para a Europa, embora outros talvez não gostem tanto.”

No entanto, a reportagem questionou se os consumidores europeus – que poderiam acabar arcando com o custo da taxa – apoiariam a proposta da ministra alemã.

De acordo com o jornal NOZ, que citou dados da Statista, há cerca de 165 milhões de usuários de iPhone na UE. 

Como os dispositivos costumam receber entre seis e dez atualizações anuais de software, uma taxa de €0,10 por atualização poderia gerar cerca de €165 milhões (US$ 178 milhões) por ano. 

No primeiro trimestre fiscal de 2025, a Apple registrou um lucro líquido global de US$ 36,3 bilhões, segundo documentos da empresa.

Os EUA há muito acusam a UE de práticas comerciais desleais, incluindo tarifas elevadas sobre produtos americanos e barreiras regulatórias que afetam empresas do país.

Em fevereiro, Trump declarou que aplicaria uma tarifa de 25% sobre todas as importações vindas da UE, alegando que o bloco foi criado para “prejudicar” os Estados Unidos.

Analistas apontam que as novas tarifas devem impactar fortemente a indústria automotiva alemã, afetando montadoras como Volkswagen e Mercedes-Benz, que enfrentam desafios crescentes no mercado dos EUA. 

O setor de manufatura da Alemanha já sofre com custos de produção em alta e o fechamento de fábricas.

O aumento de 25% nas tarifas sobre aço e alumínio da UE entrou em vigor em 12 de março, após a expiração de isenções anteriores. 

Em resposta, a UE anunciou tarifas de retaliação sobre €26 bilhões em produtos americanos, com implementação prevista para abril.

Um impasse comercial semelhante ocorreu no primeiro mandato de Trump, quando ele impôs tarifas de 25% sobre o aço europeu e 10% sobre o alumínio, levando a medidas retaliatórias por parte de Bruxelas. As sanções afetaram mais de US$ 10 bilhões em comércio transatlântico.

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