Segundo os próprios Correios, o prejuízo já soma R$ 2,2 bilhões só em 2025.
Ainda assim, a direção da empresa defende o patrocínio como uma ação de reposicionamento de marca, apostando no prestígio cultural para tentar reverter a imagem de uma estatal sucateada.
O problema, segundo os trabalhadores, é que a tentativa de “embelezar a fachada” vem em meio a um colapso operacional e funcional.
Plano de saúde suspenso e serviços à beira do colapso
Paralelamente ao anúncio do patrocínio milionário, o plano de saúde dos servidores foi parcialmente descredenciado, com atendimentos suspensos por falta de repasses.
A estatal alega que está em “tratativas” para reverter a situação, mas o clima entre os funcionários é de revolta e insegurança.
Em meio a essa crise, cresce a ameaça de greve nacional, impulsionada não só pela perda do benefício de saúde, mas também por atrasos nos pagamentos de fornecedores e transportadores.
Os Correios parecem, para os servidores, à beira de uma paralisação completa
— enquanto tocam jazz e MPB em palcos luxuosos.
Ingressos para poucos, insatisfação de muitos
Os preços dos ingressos da turnê são outro ponto de atrito. Chegam a R$ 1.530 por entrada, em clara contradição com o discurso de inclusão cultural e acessibilidade.
Para muitos trabalhadores, o patrocínio de um evento com esses valores simboliza o afastamento da estatal de sua base popular e operária. “O pobre paga, mas não assiste”, resume um servidor da empresa.
Não é a primeira vez que os Correios são criticados por gastos considerados excessivos. No início do ano, a estatal bancou R$ 1,3 milhão no “Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas”, em Brasília, evento político que teve a presença do presidente Lula, com discursos voltados à base municipalista e aliados recém-eleitos.
A combinação de eventos culturais e políticos bancados por uma empresa em crise está alimentando desconfiança generalizada entre os servidores, que veem a empresa se transformando num instrumento de marketing político-cultural às custas de seus próprios direitos.
Correios em crise, mas com luz de camarim
A narrativa de “reposicionamento de marca” pode agradar aos marqueteiros, mas soa vazia para quem vê a estatal perdendo credibilidade, estrutura e funcionalidade.
Para os trabalhadores, a lógica atual parece ser: sem plano de saúde, sem reajuste, mas com patrocínio de show caro para plateia VIP.
A pergunta que fica é: quantos milhões mais a estatal vai precisar gastar com imagem antes de lembrar que ainda precisa entregar cartas
— e cuidar de quem faz isso todos os dias?