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photo leo dias |
Na decisão, Barroso destacou que a prisão de Poze não atendia aos critérios legais mínimos exigidos.
“Não ficou demonstrada a imprescindibilidade da prisão para a investigação”, escreveu.
O desembargador também criticou o foco da ação policial, que teria priorizado um alvo vulnerável em detrimento dos verdadeiros responsáveis pelo crime organizado.
“O alvo da prisão não deve ser o mais fraco
– o paciente
– e sim os comandantes de facção temerosa, abusada e violenta, que corrompe, mata, rouba”, afirmou.
O cantor segue preso no Complexo de Gericinó até que a Secretaria de Administração Penitenciária seja oficialmente notificada da decisão.
Ele deverá cumprir medidas cautelares, como comparecimento mensal em juízo, proibição de contato com investigados e entrega do passaporte.
O advogado de MC Poze, Fernando Henrique Cardoso Neves, afirmou que a decisão “restabelece a liberdade e dá espaço à única presunção existente no direito: a de inocência”. A defesa argumenta que o funkeiro está sendo vítima de criminalização seletiva por conta de sua imagem pública e do conteúdo de suas músicas.
“A polícia tenta associar o funkeiro ao crime organizado sem provas concretas. O que se vê é um julgamento antecipado, sustentado por estigmas”, afirmou Neves. Segundo ele, MC Poze já havia sido investigado por fatos semelhantes e absolvido em duas instâncias.
Apesar da soltura, o cantor segue sob investigação. Além das acusações iniciais, a Polícia Civil apura a realização de um show promovido por Poze na Cidade de Deus, em 17 de maio, no qual homens armados com fuzis teriam circulado entre o público.
Vídeos do evento circularam nas redes sociais e motivaram a abertura de um novo inquérito sobre o uso de armamento restrito.
MC Poze também é citado em um caso de cárcere privado. Um homem afirma ter sido mantido em cativeiro e agredido após ser acusado de furto na residência do cantor.
“Dois pesos, duas medidas”, aponta magistrado
Em tom crítico, o desembargador Peterson Barroso comparou a prisão de MC Poze à impunidade de envolvidos em fraudes bilionárias.
“Registre-se, na oportunidade, que aqueles que levam fortuna do INSS contra idosos ficam tranquilos por nada acontecer, e, ao mesmo tempo, prende-se um jovem que trabalha cantando e ganhando seu pão de cada dia”, escreveu. botunoticia / horabrasilia